sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Conceitos básicos da morfologia gerativa

A morfologia gerativa postula alguns conceitos, a saber:
- Gramática subjacente
Uma língua possui as suas estruturas e há algumas regras que devem ser seguidas se alguem quer se comunicar nessa língua.
Nós possuimos, portanto, em nosso cerebro, uma gramática internalizada, implicita, subjacente, que sabemos manejar adequadamente, intuitivamente, mas que não sabemos descrever ou explicar. Logo, esse será o objetivo do gerativismo na morfologia lexical.
- Competência lexical
Por competência lexical entende-se o conhecimento que o falante tem do léxico de sua língua.
Conhecer uma língua é saber usa-lá, tanto para produzi-lá quanto para entende-lá. Conhecer o léxico significa saber usar os itens lexicais e poder estabelecer relações entre eles.
Está incluso na competência lexical do falante:
-> o conhecimento de uma lista de entradas lexicais
-> o conhecimento da estrutura interna dos itens lexicais, assim como relações entre vários itens
-> o conhecimento subjacente à capacidade de formar entradas lexicais gramaticais novas e rejeitar as agramaticais.
[ITEM LEXICAL: forma linguistica que o falante conhece e utiliza]
As relações das entradas lexicais constitui o léxico de uma língua. As palavras, as formas presas e os afixos (dentre outros elementos) constituem a lista de entradas lexicais da língua.
- Regras morfológicas e regras sintáticas
O conhecimento que o fante tem do lexico de sua lingua lhe facultará uma série de generalizações a respeito desse léxico.
-> Formação de novas palavras: feita a caracterização da base (palavra primitiva) e do produto (nova palavra) tem-se a regra morfológica. Constitui uma das tarefas da morfologia gerativa a explicação das regras morfológicas do português, sendo que esssas se deiferem nitidamente das regras sintáicas:
. Hipotese lexicalista: a estrutura interna das palavras não é estabelecida por principios sintáticos, nem mesmo acessivel a esses principios.
. Probabilidade de ocorrência: Uma vez acionada a regra sintatica, uma sentença será criada. A existência da sentença será, porém, efêmera, ou seja, uma vez criada, ela desaparece, servindo apenas para uma comunicação especifica e imediata. Uma prova disso é a inexistência de um dicionário de frases, por exemplo.
Com a regra morfologica isso não ocorre. Há um "congelamento" da palavra: uma vez registrada como palavra, ela toma, pelo menos potencialmente, uma existêmcia lexical comcomitantemente idependente.
O resultado natural desse "congelamento" é que as palavras passam a ter uma existência autônoma, ou seja, elas passam a ser repetidas pelos usuários independentemente do acionamento de regras. Isto é, não há a aplicação dessas regras sempre que algume fale. São regras que se utilizam uma só vez (once-only rules)
Porém, há também certas formações que chamamos de formações esporádicas, ou seja, tem existência passageira.
- Regras de análise estrutural (RAEs) e Regras de formação de palavras (RFPs)
RAE: o falante é capaz de analisar a estrutura das palavras derivadas, pelo fato de saber, por exemplo, que preparação "vem" de preparar, que fingimento "vem" de fingir, etc.
Formamente temos então: [[X] a] Y]b, onde X representa a palavra primitiva (base), a representa a classificação gramatical da base, Y representa o sufixo a ser anexado a essa base para formar o produto e b representa a classificação gramatical do produto.
Assim a RAE de preparação seria: [[preparar]v -ção]s
RFP: ao produzir novos itens lexicais, como "apelidador", "mochilada", etc, o falante estará fazendo uso de uma RFP, que pode ser formalizada da seguinte maneira:
[X]a --> [[X]a Y]b
Uma RFP é estabelecida com base em realções paradigmáticas.
Toda RFP corresponde a uma RAE. Ao criar uma palavra nova ou ao interpretar um novo item lexical, o falante demonstra conhecer a estrutura do item recém-criado.
- Produtividade lexical
Na língua frequentemente aparecem novas formações, ou seja, na linguagem coloquial, formal, literária, cienifica, enfim, em qualquer modadlidade de linguagem é possivel deparar com formações não ouvidas ou escritas antes. Trata-se de itens não familiares. A essa possibilidade de surgimento de novos itens lexicais na língua dás-se o nome de produtividade.
Por essa razão é tão dificil de responder à perguna : "Tal palavra existe?".Os dicionários deixam de assinalar vários termos familiares a uma comunidade linguistica e do mesmo modo, registram palavras que não se usam mais (arcadismo). Sob o ponto de vista exclusivamente cientifico, é dificil definir se uma palavra existe ou não em uma língua.
. Transgressão sufxal: palavras impossiveis de serem criadas. Ex.:
Luz (substantivo) + -dor + *luzdor
Existem palavras possiveis, sob o ponto de vista da RFP, mas que são rejeitadas pelos falantes por algum motivo, como por exemplo, "fabricador" que é bloqueada por "fabricante"
. Inércia morfológica: existem palavras possiveis, sob o ponto de vista da RFP, porém as pessoas não as utilizam simplesmente porque eles não existem, mas nada impede que eles sejam acionados a qualquer momento. Ex.: (?) maracujada
*veremos esses conceito profundamente mais adiante.
. Palavras reais: institucionalizadas, familiares a uma comunidade linguistica mas não dicionarizadas por serem ecém-formadas. ex.: malufar, twitar...
- existem palavras que, apesar a dicionarização, não são conhecidas doe uma comunidade linguistica, ou por serem arcaismos ou por serem regionalismos, ou por serem palavras restritas a um grupo de falantes ou uma profissão.
- existem as palavras reais, que fazem parte efetiva de uma comunidade linguistica, ou seja, de sua lista de entradas lexicais, independente de constar ou não nos dicionários.


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