terça-feira, 26 de outubro de 2010

A morfologia nas diferentes correntes

DESCRITIVISMO:
Os gregos se preocupam em fixar paradigmas, como as declinações e conjugações.
Modelo: Item e paradigma (a palavra é considerada a unidade central minima)
HISTORICISMO:
Começa a surgir um interesse pela construção das palavras. Porém, é um interesse superficial por dois motivos:
I) o comparativismo ainda estava dominado pelos ideais clássicos
II) a perspectiva histórica confinava as pesquisas linguisticas a exemplos cristalizados, dificultando o estudo do vocábulo em formação
ESTRUTURALISMO:
Inicio do séc XX: Cours de Linquistique Generale (Ferdinand de Saussure)
Língua como um sistema de valores
Estruturalismo norte-americano: passaram a descrever as línguas indigenas. No afã de descrever as línguas, os estruturalistas chegaram ao conceito de morfema (menor unidade significativa da palavra)
- A visão estruturalista desenvolveu com bastante rigor as técnicas de depreensão dos morfemas (preocupação básica)
- Uma palavra é composta por pequenos elementos que se seguem no eixo sintagmático
Preocupações do estruturalismo:
1) fazer a segmentação dos morfemas
2) proceder à classificação dos morfemas
Modelo: Item e arranjo
Aspectos positivos do estruturalismo:
- Caráter cientifico
- O sincronismo passa a ter existência paralela ao diacronismo, permitindo que as línguas sejam estudadas por duas perspectivas autonomas: a descritiva e a histórica.
- A morfologia alcançou um progresso notável.
Decada de 1950: o estruturalismo mostra sinais de esgotamento. Chomsky lança as bases da gramática gerativo-transformacional.
GERATIVSIMO:
Preocupações do gerativismo:
Exolicitar a capacidade ou a competência que um falante nativo tem com relação ao léxico de sua lingua, ou seja, a sua capacidade de formar novas palavras, de rejeitar outras, de estabelecer relaçoes entre itens lexicais, de reconhecer a estrutura de um vocábulo.
Modelo do gerativismo: Item e processo

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Mofologia lexiacal x Morfologia flexional

MORFOLOGIA LEXICAL:
Derivação pela qual se conseguem novas unidades.
Ex.: saúde --> saudação
A maior parte das operaçoes derivacionais se faz pelo encontro de raízes, radicais e afixos, mas também por derivaçoes regressivas, em que os morfemas são subtrativos.
A morfologia lexical ainda se serve de um expediente chamado composição, que consiste em combinar raízes presas ou livres para obter novas palavras. --> aglutinam-se ou justapõem-se
...
MORFOLOGIA FLEXIONAL:
Flexão ou variação mórfica para indicar categorias gramáticais.
EX.: Boi --> Bois
Na morfologia flexional se encontram diversas categorias de morfemas:
1) Gênero: divide os nomes em classes, que são diferentes em diferentes línguas.
Sexo (masc, fem, neutro), Vitalidade (animado, inanimado), Configuração externa (redondos, finos, curtos, etc.)
2) Numero: indica quantificações ou enumerações. (singular e plural)
3) Caso: é uma maneira de assinalar morficamente a função sintática da palavra na sentença.
4) Tempo: marca o momento em que ocorre aquilo que o verbo expressa em relação ao momento em que se fala
5) Pessoa: indica a posição dos participantes no ato da fala (1ªp. , 2ªp. , 3ªp. )
6) Modo: expressa a atitude do falante em relação ao que ele vai dizer: certeza (indicativo), incerteza (subjuntivo), desejo (optativo), ordem (imperativo).
7) Aspecto: diz respeito à relação entre o evento e sua duração ou desenvolvimento.
8) Voz: categoria que expressa a relação entre o verbo e seus complementos. Ex.: voz passiva, voz ativa, reflexiva...

As diferenças entre elas...

Tipos de morfes e morfemas

RADICAL: núcleo do vocábulo responável pela significação externa
AFIXOS: são representados por morfes presos que podem ocorrer precedidos ou seguidos de radical. São divididos em:
- prefixos: vêm antes do radical.
- sufixo: vêm depois do radical. Podem alterar a classe da palavra. Ex: Medo (substantivo), Medroso (adjetivo).
MORFEMAS/ DESINÊNCIAS DE GÊNERO, DE NUMERO, VERBAIS: elementos de significação interna.
VOGAIS TEMÁTICAS NOMINAIS E VERBAIS: elementos que preparam o radical para receber desinências. É fruto de uma transformação da vogal que já existia no vocábulo mórfico.
VOGAIS/ CONSOANTES DE LIGAÇÃO: elementos que preparam o radical para receber as desinências. É de fato um elemento novo.
MORFEMA ADITIVO: expressa-se por uma adição de morfes. Ex: professor / professora (-a)
MORFEMA SUBTRATIVO : supresão de um segmento. Ex: Orfão / Orfã
MORFEMA ZERO: quando não se faz representar por nenhum morfe, em oposição ao morfema aditivo (simbolo: Ø )
MORFEMA CUMULATIVO: quando o seu morfe representa dois ou mais morfemas almagamados e fundidos. É impossivel separá-los e representá-los por morfes especificos. Ex: /-ra/ em bêberamos representa o modo e o tempo.
MORFEMA SUPERPOSTO: quando, não possuindo um morfe correspondente, superpõe-se ao morfe vizinho, sobrecarregando-o de substituição gramatical. Ex.: Cant-o em /-o/ o morfema modo-temporal superpõe-se ao morfema numero-pessoa.
MORFEMA SUBSTITUTIVO: constitu-se de um processo de substituição ou alternância de vocais no morfe raiz. Ex: Faz / Fiz
MORFEMA LATENTE: não aparecem na forma do singular, somente no plural. Ex.: /-es/ em cores.

Morfema, Morfe e Alomorfe

Há em morfologia três conceitos básicos e fundamentais: morfema, morfe e alomorfe.
Por morfema, podemos definir como sendo a unidade básica da morfologia, sendo uma forma significativa recorrente minima abstrata, ou seja, têm um traço semântico que se repete em outras estruturas e não podem ser divididas em formas menores. É abstrato poque é representado por um morfe que é o segmento minimo significativo recorrente. Exemplificando temos:
PEDRAS : PEDRA - S --> -S: morfe e PLURAL: morfema
Já alomorfes pode ser definido como morfes que possuem uma distintividade fonético-semântica, pois representam o mesmo morfema, ou seja
LIVROS > LIVRO-S --> -S: morfe e PLURAL: morfema
FLORES > FLOR-ES --> -ES: morfe e PLURAL: morfema
Para esse fenômeno dá-se o nome de alomorfia, pois o morfema PLURAL está representado por dois alomorfes gráficos /s ~ es/ que ocorrem em contextos exclusivos:
-S: depois de vogal
-ES: depois de consoante

O que é palavra?

Um conceito universal de palavras é o de que palavras são sequnências gráficas que representam signos da língua em questão e que ocorram precedidas e seguidas de espaço ou pontuação. Porém, é fácil "quebrar" esse conceito quando se pensa nas palavras compostas como "segunda-feira". Deve-se considerar uma única palavra (já que seu significado não é a soma dos 2 elementos) ou deve-se considerar como 2 palavras distintas?
Além disso, há línguas que não possuem escrita e assim não é possivel aplicar esse conceito. Uma forma possivel seria, então, definir palavra como sendo uma sequência fônica que constituisse uma enisão completa. Entretanto, não falamos dando o devido espaçamento entre palavras, logo esse critério também falha.
Sendo assim, é possivel perceber que devem ser levados em consideração diferentes critérios de delimitação para definir-se palavra. São eles:
- critério fonológico: sequência fônica que constituie uma emissão completa
- critério morfossintáico: considerar a classificação gramatical e sua função na frase
- critério semântico: considerar seu significado
Outro problema encontrado diz respeito de uma língua para outra, pois há linguas em que as funçoes sintáticas são explicitadas por uma unidade léxico (desinências) e assim as fronteiras entre as palavras são identificadas pelas desinências: são as linguas flexionais como o latim. Porém, há outras línguas em que essas desinências não existem : as línguas isolantes, nas quais existem dois tipos de palavras:
I) Palavras plenas: possuem signifcado
II) Palavras gramáticais: elementos livres que se combinam para formar as sentenças.
Nesse tipo de língua já não é possível aplicar o conceito anterior.
Como percebe, definir palavra não é tão simples como pensamos desde sempre.

O discurso não é uma camada

No texto O discuso não é uma camada, Sirio Possenti apresenta argumento contrarios sobre a teorica de que o discurso seria organizado em camadas (fonologia / morfologia/ sintaxe/ semântica/ pragmática/ discurso) que teriam a finalidade de explicar algumas caracterisicas das sequencias e sua interpretação.
Por essa concepção tem-se que a liberdade do sujeito cresceria da fonologia ao discurso, ou seja, enquanto que na fonologia o sujeito teria liberdade nula, pois não é possivel contruir fonemas, eles já estão determinados; na semantica o sujeito teria total liberdade de juntar palavras para a formação de enunciados, formulando as ideias de qualquer modo. A critica que Possenti faz aqui é que é o discurso que determina o que dizer e não o sujeito, pois não é só por questão de sintaxe que se extruturam os enunciados, aí já instaura-se o discurso.
Para Possenti, o discurso é entendido como um tipo de sentido que se materializa na língua. Se constitue pelo trabalho com e sobre os recursos de expressão, que produzem determinados efeitos de sentido em correlações com posiçoes e condições de produção especificas.
Um certo discurso, uma determinada ideologia se materializa ou é vinculada pela seleção sistemática de uma ou de outra estrutura sintática, conforme os fatos de que se trata. Sendo assim, o mesmo discurso poderia ser materializado de outra forma, porque não há uma relação biunivica entre discurso e gramática.
Para explicitar que o discurso materializa-se no texto, Sirio trabalha a ideia das formas transativas e não-transativas, nas quais o modo de apresntar os eventos é uma forma de o locutor integrar a ação em seu sistema ideológico.
Transativas --> Estão explicitos na oração: sujeito / ação / objeto
" Duzias de manifestantes cantavam slogans"
Não-transativas --> Omite-se um dos componentes, geralmente o sujeito.
"13 foram presos" ( não é explicitado quem praticou a ação de prender)
Outro meio pelo qual o discurso materializa-se no texto é a escolha do léxico (vocabulário). A midia precisa ser neutra e, logo, passa a impressão de apenas relatar os fatos do modo como ocorreram. Porém, a escolha do léxico denuncia a posição ideológica do autor.
Portanto, conclui-se que o dicurso não é uma camada porque este está presente em todos os niveis da linguagem (morfologia, sintaxe...) e logo, não é possivel separa-los.

Texto x Discurso

Texto e Discurso muitas vezes são confundidos como sendo coincidentes. Porém, existem alguns aspectos que são ocnsiderados para disinção um do outro.
O discurso materializa-se no texto, pois esse ultimo é objeto empirico de análise e o primeiro é objeto teórico e abstrato, precisando assim de enunciados para concretizar-se. Logo, as diferenças que se estabelencem entre discursos diferentes , e que portanto significam modos diferentes de os sujeitos entrarem na ordem da materialidade e da história, só poderão ser verificadas no texto.
Outra distinção a ser feita diz respeito a completude ou incompletude. O discurso possui uma incompletude da linguagem, é um fenomêno sempre aberto, pois não possui começo nem fim. Entretanto, apesar do sentido ser movente e escapar do controle dos sujeitos, a sociedade desenvolve procedimento de delimitaçoes dos sentidos no texto, dando a ilusão que o texto é imaginariamente completo. Imaginariamente porque de fato não é possivel fazer com que todo um saber caiba em um texto, fazendo com que estes sejam lacunares e incompletos, assim os textos necessariamente dialogam entre si para que ocorra sentido.
Além disso, o leitor do texto pode não resgatar no texto o saber da memória discursiva a partir da qual o enunciador produziu o discurso e, portanto, interpretar o texto num outro saber, resultando assim em uma pluralidade de significação que faz com que o texto não seja uma unidade fechada.
Outro aspecto é o de que o texto encontra-se no eixo do intra-discurso, ou seja, faz parte da formulção do dizer e diz respeito a atualização do discurso, enquanto que o discurso pertence ao eixo do inter-discurso, ou seja, a constituição do dizer e controla e condiciona o dizer e a produção do sentido.
Resumindo....
REFERÊNCIAS
NAVARRO, pedro. O texto como objto de análise discursiva: questões de sentido, memória e autoria. In: O TEXTO, como objeto de ensino, de descrição linguístca e de análise textual e discursiva.